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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O ateísmo




Há varias maneiras de negar a existencia de Deus, independente do conteúdo dessas noções.
Eis algumas delas:

- não aceitar de forma alguma a existencia Dele ( ateísmo dogmatico);
- considerar o home incapaz de obter provas dessa existencia (ateísmo cético);
- sustentar que as habtuais provas são insuficientes (ateísmo crítico);



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Em 1994 estimava-se que havia aproximadamente 240 milhões de ateus no mundo — cerca de 4% do total —, incluindo aqueles que professam o ateísmo, o ceticismo, a descrença ou que opõem-se à religião. A porcentagem estimada aumentou significantemente, sendo atualmente algo em torno de 21% da população mundial (se ateus “passivos” forem incluídos).

Os primeiros cristãos eram chamados de ateus porque negavam a existência das divindades romanas. Ao longo do tempo muitos mal-entendidos surgiram: que os ateus são imorais, que a moralidade não pode ser justificada sem a crença em um deus, que a vida não tem sentido sem um criador.

Apesar dessa visão ser bastante difundida, não há evidências de que ateus são menos morais que os teístas. Muitos sistemas morais foram criados sem pressupor a existência de um ser sobrenatural. O “sentido” da vida humana pode basear-se em objetivos terrenos, como melhoria da humanidade.


Na sociedade ocidental o termo ateísmo foi utilizado mais especificamente para designar a negação do teísmo, particularmente o judaico-cristão, que afirma a existência de um Deus pessoal todo-poderoso, todo-sabedoria e todo-bondade. Esse ser criou o Universo, preocupa-se ativamente com problemas humanos e guia sua criação através da revelação divina. O ateísmo “ativo” rejeita esse Deus e as crenças a ele associadas, como a na vida pós-morte, na predestinação, nas origens sobrenaturais do Universo, nas almas imortais, na revelação da natureza divina através da Bíblia e do Corão e na fundamentação religiosa da moral.



Motivos para Rejeitar Deus

Críticas ao Teísmo

Ateus justificam suas posições filosóficas de várias maneiras. Ateus “passivos” tentam fundamentar sua posição através da refutação dos argumentos em favor da existência de Deus, como o ontológico, o da causa primeira, o do design inteligente e o da experiência religiosa. Outros argumentam que qualquer afirmação sobre Deus é vazia, pois atributos como “onisciência” e “onipotência” são incompreensíveis à mente humana. Os que professam o ateísmo “ativo”, em contrapartida, defendem sua posição argumentando que o conceito de Deus é inconsistente. Eles questionam, por exemplo, como um Deus “todo-sabedoria” pode ser ao mesmo tempo “todo-bondade” e como um Deus que não possui corpo físico pode ser “onisciente”.


O Problema do Mal

Alguns ateus “ativos” adotam a posição de que a existência do mal torna Deus algo improvável. Em particular, ateus afirmam que o teísmo não explica adequadamente o porquê da existência de um mal aparentemente sem sentido, como o sofrimento de uma criança inocente. Teístas comumente defendem a existência do mal argumentando que Deus deseja que os humanos possuam liberdade de escolha entre o bem e o mal, ou que a função do mal é construir o caráter humano, lhes proporcionando qualidades como a perseverança. Ateus “ativos” contra-argumentam que as justificativas para o mal dadas pelos teístas em termos de livre-arbítrio deixam de explicar por que, por exemplo, uma criança possui doenças genéticas ou sofre violências e abusos de adultos. Os argumentos de que Deus permite a dor e o sofrimento para construir o caráter humano falham, por sua vez, em explicar por que havia sofrimento entre os animais existentes antes que os humanos evoluíssem e por que o caráter não pode ser desenvolvido com menos sofrimento. Para ateus, uma melhor explicação para a presença do mal no mundo é a inexistência de Deus.


Ateus também criticaram evidências históricas utilizadas para sustentar as crenças das maiores religiões teísticas. Por exemplo, argumentaram que a falta de evidências lança dúvidas sobre importantes doutrinas do cristianismo, como a de que Jesus Cristo nasceu de uma virgem e a de que ressuscitou após ter sido crucificado. Devido a tais eventos representarem milagres, os ateus dizem que evidências extremamente fortes são necessárias para sustentar sua veracidade. As evidências disponíveis para respaldar os supostos milagres — de fontes bíblicas, pagãs e judaicas —, segundo os ateus, são fracas, e por isso devem ser rejeitadas.


Operário em Construção

Era ele que erguia casas
Onde antes so' havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Nao sabia por exemplo
Que a casa de um homem e' um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa quer ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pa', cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com sour e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento

Alem uma igreja, à frente
Um quatel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Nao fosse eventuialmente
Um operário em contrucão.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
`A mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma subita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operario em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Nao sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua propria mao
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que nao havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu tambem o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele nao cresceu em vão
Pois alem do que sabia
- Excercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção
Que sempre dizia "sim"
Comecam a dizer "não"
E aprendeu a notar coisas
A que nao dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uisque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pes andarilhjos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução

Como era de se esperar
As bocas da delação
Comecaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão nao queria
Nenhuma preocupação.
- "Convencam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.

Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se subito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vao sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porem, por imprescindivel
Ao edificio em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Nao dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobra-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Sera' teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Nao ves o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Nao podes dar-me o que e' meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martirios
Um silêncio de prisão.
Um siêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silencio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arratarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperanca sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razao porem que fizera
Em operário construido
O operário em construção

Vinicius de Moraes

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